Estreia com vitória, voz firme e Agassi no banco
Um palco gigante, luzes de arena da NBA e um banco comandado por Andre Agassi. Foi assim que João Fonseca abriu sua trajetória na Laver Cup 2025, no Chase Center, em São Francisco. No jogo 3 do torneio, o brasileiro superou o italiano Flavio Cobolli com autoridade, acelerando a bola, mudando direções e controlando os pontos nos momentos apertados.
Logo após a vitória, Fonseca falou sem rodeios sobre um possível duelo que já mexe com a torcida: “Seria incrível enfrentar o Alcaraz. Vou estar pronto”. O comentário diz muito sobre o clima da Laver Cup: é exibição com cara de final de torneio, onde cada ponto vale para o time e os confrontos dos sonhos podem acontecer a qualquer momento.
Fonseca integra o Time Mundo, capitaneado por Agassi e com Pat Rafter de vice. Ao lado do brasileiro, estão Taylor Fritz, Francisco Cerúndolo, Alex Michelson, Alex de Minaur e Reilly Opelka. Do outro lado, o Time Europa chega encorpado e campeão em 2024, agora sob o comando de Yannick Noah, com Carlos Alcaraz, Holger Rune, Alexander Zverev, Flavio Cobolli, Jakub Mensik e Casper Ruud.
A edição 2025, que vai de 19 a 21 de setembro, é a oitava da competição. A dinâmica é simples e tensa: cada partida soma pontos para o time, e o peso aumenta a cada dia — o que transforma duelos aparentemente isolados em peças-chave na briga pelo troféu. O formato incentiva ajustes rápidos, parcerias improváveis nas duplas e um envolvimento genuíno do banco a cada mudança tática.
Ter Agassi no comando é um capítulo à parte. O oito vezes campeão de Grand Slam acompanha de perto os intervalos, sugere variações de saque, posicionamento na devolução e leitura de padrão dos rivais. Com Fonseca, a sintonia pareceu natural desde o primeiro game. Sem placar elástico, mas com momentos de domínio, o brasileiro mostrou potência de forehand, devolução agressiva e uma calma que não combina com a etiqueta de estreante.
O salto de 2025, o peso do time e o possível duelo com Alcaraz
O ano já vinha apontando para isso. Fonseca conquistou dois títulos de Challenger e, nos Slams, estreou em chaves principais de Roland Garros e Wimbledon, avançando até a terceira rodada em ambos. Para um jogador que há pouco circulava entre o circuito juvenil e o início do profissional, é uma escalada rápida — e com performances que sustentam o hype.
Na Laver Cup, o contexto muda. Não é só vencer: é entregar ponto para o grupo. O Time Mundo precisa somar desde cedo para evitar a pressão do domingo, quando cada vitória pesa ainda mais. Nesse tabuleiro, a vitória sobre Cobolli vale como recado: Fonseca está pronto para bater de frente com a nova geração europeia.
E o que significaria pegar Carlos Alcaraz? Primeiro, velocidade de decisão. O espanhol acelera na tomada de tempo e varia alturas e spins para quebrar ritmo. Fonseca, por sua vez, mostrou em São Francisco que consegue sustentar troca intensa de fundo e impor potência na primeira bola. É um confronto de encaixe técnico e de personalidade — do tipo que a Laver Cup adora transformar em espetáculo coletivo.
Além da expectativa pelos singles, as duplas podem virar o jogo do fim de semana. A presença de nomes como Fritz e de Minaur oferece ao Time Mundo combinações interessantes para pressionar na rede e encurtar pontos. Do outro lado, Zverev e Ruud formam base sólida para a Europa, enquanto Alcaraz é o fator surpresa que altera padrão e acelera quando necessário.
Para o Brasil, ver um representante em destaque nesse ambiente é combustível. A Laver Cup coloca o atleta diante de plateias cheias, holofotes e um vestiário repleto de referências. Isso acelera aprendizado, amplia repertório tático e mexe na autoconfiança. Com Agassi ao lado e um time experiente por perto, Fonseca parece ter encontrado a combinação certa entre ambição e preparo.
O torneio segue até domingo, e cada escalação vira xadrez. Se o pedido da torcida se confirmar e Fonseca cruzar com Alcaraz, teremos um daqueles momentos que marcam carreira. Por enquanto, a estreia entregou o que se esperava: ritmo alto, coragem nos pontos grandes e a sensação de que o brasileiro não está apenas participando — está competindo para decidir.