BMW tenta barrar venda de carros recuperados do incêndio no navio Fremantle Highway

6
jun
Postado por Mariana Oliveira
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BMW tenta barrar venda de carros recuperados do incêndio no navio Fremantle Highway

Navio pega fogo com quase 3.000 veículos e gera impasse à BMW

Em julho de 2023, um desastre no mar chamou atenção do mundo automotivo: o cargueiro Fremantle Highway, de bandeira panamenha, pegou fogo enquanto transportava cerca de 3.000 carros de luxo, entre BMWs, Mercedes-Benzes e outros modelos sofisticados, rumo a Singapura. O caminho previa uma parada no famoso Porto Said, no Egito, mas a viagem nunca chegou ao fim. Um tripulante morreu e outros ficaram feridos durante o caos do incêndio, que rapidamente destruiu boa parte do que estava a bordo.

Após dias de fumaça e apreensão, as operações de resgate só terminaram mesmo em setembro, num esforço enorme de várias empresas para retirar os 3.784 carros do navio — incluindo 498 veículos elétricos ou híbridos. Modelos menos afetados e movidos a gasolina ainda conseguiram sair rodando por conta própria das entranhas queimadas do navio. Já os demais, gravemente danificados — principalmente elétricos, por questão de segurança — precisaram ser retirados com guindastes. Todo o lote foi lavado, tentando reduzir os resíduos do incêndio que grudaram até nos para-brisas.

BMW fecha o cerco: preocupação com imagem e destino incerto dos veículos

Mesmo depois de tanto trabalho, o destino dos veículos virou motivo de embate. Um consórcio, cujo nome não foi divulgado, tentou vender os carros como sucata de luxo. Mas aí a BMW entrou pesado no jogo, buscando na Justiça o bloqueio dessa venda. O motivo? Proteger a reputação da montadora, já que existe a preocupação de que carros que, mesmo danificados por fogo, cheguem ao mercado — seja para revenda de peças, seja para uso, carregando o prestígio da marca alemã manchado.

Quando se trata de carros de luxo, tudo pesa. Para marcas como BMW, a ideia de um veículo que passou por um incêndio, mesmo recuperado ou reconstruído, rodando por aí com seu logotipo é motivo de dor de cabeça. Clientes exigem padrão e segurança, características fundamentais para quem paga caro por tecnologia e design alemães.

A polêmica envolvendo o Fremantle Highway lembra muito o caso do navio Felicity Ace, queimado em 2022 enquanto levava 4.000 carros da Volkswagen, incluindo Lamborghinis e Porsches, que acabaram naufragando — e sumindo no fundo do Atlântico. No caso recente, ao menos parte do “tesouro automotivo” foi salva, mas virou o centro de uma verdadeira batalha sobre o que fazer com carros de luxo condenados pelo fogo.

Sobre a origem do incêndio, os investigadores ainda quebram a cabeça, mas já descartaram a possibilidade dos famosos problemas com baterias de veículos elétricos como foco das chamas. Para os juristas, consumidores e entusiastas, fica o suspense: será que devemos permitir carros assim voltarem ao mercado, mesmo como simples estoque de peças?