O Conturbado Caminho de Maduro até a Cúpula dos BRICS na Rússia

Postado por Luciana Macedo
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O Conturbado Caminho de Maduro até a Cúpula dos BRICS na Rússia

Em meio a uma série de tensões internacionais e domésticas, o presidente venezuelano Nicolás Maduro decidiu empreender uma visita inesperada à cúpula dos BRICS em Kazan, na Rússia. Inicialmente, não estava em seus planos participar do encontro, mas as crescentes dificuldades enfrentadas pela Venezuela em sua tentativa de se juntar ao grupo, em especial diante da resistência do Brasil, o levaram a reconsiderar.

A principal barreira vem do Brasil, cujos representantes expressaram de forma clara a falta de oportunidades para a entrada da Venezuela no BRICS neste momento. Celso Amorim, assessor internacional do governo brasileiro, reiterou que, apesar de o Brasil não considerar a Venezuela uma inimiga, está insatisfeito com a atual situação no país vizinho. Isso tem origem, em parte, na maneira como decorreram as eleições presidenciais venezuelanas em julho, as quais o Brasil não reconheceu como legítimas.

A decisão do Brasil de não reconhecer as eleições venezuelanas aumentou as tensões entre os dois países, levando a um potencial rompimento de laços diplomáticos formais a partir de janeiro. A partir de 10 de janeiro, o Brasil planeja parar de reconhecer Nicolás Maduro como presidente legítimo da Venezuela, marcando um período de incertezas e redefinição das relações bilaterais. Esse desenlace é resultado de uma série de descontentamentos acumulados que Brasília nutre sobre a atuação de Maduro, descontentamentos esses que ressoam de maneira significativa nos círculos políticos internacionais.

No entanto, a resistência do Brasil não é partilhada por todos os membros do BRICS, sendo que a Rússia se posicionou de maneira favorável à entrada da Venezuela no grupo. O apoio russo reflete a relação histórica e estratégica que Moscou mantém com Caracas, uma relação que abrange desde parcerias comerciais até colaboração militar. Contudo, no cenário diplomático dos BRICS, as decisões não são unilaterais. O consenso requer uma anuência de todos os membros, tornando o processo de adesão sensível e politicamente complexo.

Enquanto a candidatura da Venezuela passa por turbulências, outros países são vistos com bons olhos para entrar no grupo internacional. Países como Cuba e Bolívia despertam interesse por parte do Brasil e são considerados candidatos potencialmente viáveis. Com a entrada recente de potências de peso e diversificadas como Irã, Etiópia, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos, o BRICS continua a complexificar e diversificar sua atuação geopolítica internacional. No entanto, a candidatura da Argentina encontrou resistência, bloqueada pelo recém eleito presidente argentino Javier Milei.

Neste tabuleiro internacional intricado, Maduro terá que navegar cuidadosamente. Embora tenha procurado o apoio russo, sua estratégia necessita de um acerto mais amplo no xadrez diplomático dos BRICS, onde a decisão final será tomada em conjunto pelos chefes de estado. O chanceler brasileiro Mauro Vieira, em articulação com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, será central nesse processo decisório. A situação demanda habilidade diplomática e uma reavaliação dos interesses bilaterais e internacionais, não somente para a Venezuela, mas também para os países que constituem o BRICS e os que almejam fazer parte desse bloco dinâmico e influente.

Com uma mudança do equilíbrio geopolítico emergindo no horizonte, a busca de Maduro por integrar a Venezuela ao BRICS pode simbolizar mais do que um simples alinhamento econômico: é uma manifestação clara de sua vontade de reposicionar o país num cenário global que lhe é cada vez mais desafiador. No entanto, essa aspiração enfrenta uma trilha longa e árdua que demandará persuasão, reconciliação e, principalmente, o reconhecimento de que o contexto internacional envolve mais do que simples interesses políticos ou econômicos limitados pela fronteira nacional.

19 Comentários

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    Leonardo Valério

    outubro 27, 2024 AT 01:58

    Claro que o Brasil tá com medo de que a Venezuela traga o caos pro grupo, mas será que não tá mais é com medo de perder influência? Tudo isso é uma farsa pra manter o controle sobre a América Latina... Rússia e China já estão rindo na manga enquanto a gente se debate com essas bobeiras diplomáticas. 🤡

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    Bruno Marek

    outubro 27, 2024 AT 09:58

    Brasil não reconhece eleição mas aceita Irã e Arábia Saudita? Tá claro que é seletividade disfarçada de princípio.

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    Vitor Coghetto

    outubro 29, 2024 AT 04:19

    Olha, eu vou ser bem direto aqui: o BRICS não é um clube de amigos, é um bloco de poder geopolítico, e a Venezuela tá na lista de candidatos por uma razão muito simples - ela é um ponto estratégico contra o domínio ocidental. O Brasil tá agindo como se o mundo ainda fosse um jogo de xadrez com regras americanas, mas a realidade é que a Rússia, a China e até a Índia já mudaram o tabuleiro. A Venezuela tem petróleo, minérios, e uma posição geográfica que vale ouro pra quem quer desafiar o sistema financeiro ocidental. O que o Brasil tá tentando fazer é manter o status quo, mas isso tá ficando cada vez mais caro e inútil. Se o Lula realmente quer um mundo multipolar, ele precisa parar de fingir que a Venezuela é um problema e começar a ver como ela pode ser parte da solução. Afinal, se o Irã pode entrar, por que a Venezuela não pode? Porque o Brasil ainda tem medo de ser visto como "alinhado com ditadores"? Mas e os Emirados? E a Arábia? Eles não são ditaduras? Onde está a coerência? É só uma desculpa pra não perder o favor dos EUA. E isso é triste, porque a América Latina precisa de unidade, não de divisões criadas por medo.

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    Ivan Borges

    outubro 31, 2024 AT 02:55

    Este é um momento de reconfiguração sistêmica! A Venezuela representa uma oportunidade de deep integration no eixo Sul-Sul, e o Brasil está operando com uma lógica de soft power obsoleta. A adesão não é sobre legitimidade eleitoral - é sobre arquitetura de poder alternativo! 🚀

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    Daniel Vedovato

    outubro 31, 2024 AT 22:36

    É uma tragédia shakespeariana: um líder desesperado, um bloco em transformação, e um vizinho que, por orgulho, se recusa a ver o futuro se desdobrando diante de seus olhos. A história não perdoa os que hesitam.

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    Sonne .

    novembro 2, 2024 AT 17:46

    Brasil não reconhece eleição mas aceita o Irã? Sério? Aí tá a cara do nosso exterior: se é anti-ocidente, tudo bem, desde que não seja vizinho.

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    Bebel Leão

    novembro 3, 2024 AT 02:05

    Às vezes penso que o mundo inteiro está tentando se lembrar de que ninguém é totalmente bom ou totalmente mau... Mas a política faz a gente esquecer disso. 😔

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    Cristiano Siqueira

    novembro 3, 2024 AT 10:10

    Se o Brasil quer ser um líder da América Latina, tem que parar de agir como um aluno medroso da escola americana. A Venezuela pode ser difícil, mas ela é parte da nossa realidade. A solução não é ignorar, é dialogar. A diplomacia não é sobre vencer, é sobre construir. 🤝

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    Luan Henrique

    novembro 4, 2024 AT 05:09

    A integração da Venezuela ao BRICS representa um marco histórico na construção de uma ordem internacional mais equilibrada. A postura brasileira, embora compreensível, carece de visão estratégica de longo prazo.

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    Déborah Debs

    novembro 5, 2024 AT 12:46

    É como se a gente estivesse em uma festa onde todos estão dançando, mas alguém segura a porta porque não gosta do som. A música mudou. A Venezuela tá no ritmo. A gente só tá com medo de perder o controle da playlist.

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    Thaís Fukumoto Mizuno

    novembro 6, 2024 AT 09:11

    eu acho que a gente tem q pensar no q é melhor pro povo da venezuela e nao so no q os politicos querem... eu to cansada de tanta politicagem... mas eu nao sei escrever bem... desculpa

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    Gabriel Bressane

    novembro 7, 2024 AT 13:06

    BRICS? Que nome bobo. Tudo isso é só um cartel de ditadores com dinheiro de petróleo.

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    Felipe Vieira

    novembro 9, 2024 AT 10:40

    Brasil tá errado e sabe disso mas não quer admitir

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    Tatiane Oliveira

    novembro 9, 2024 AT 23:04

    Então o Brasil tá com medo de um vizinho que tem mais petróleo que o seu próprio passado político... e ainda acha que é o mais moral?

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    Luiz Pessol

    novembro 10, 2024 AT 00:11

    É só mais um show de teatro.

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    Samila Braga

    novembro 10, 2024 AT 01:02

    Se o Irã pode entrar, por que a Venezuela não pode? Porque a gente ainda acha que política externa é sobre o que os EUA acham, e não sobre o que o mundo precisa? 🤔

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    Cassio Santos

    novembro 10, 2024 AT 08:48

    Brasil tá com medo de ser visto como aliado de Maduro. Mas não tá com medo de ser visto como aliado da Arábia?

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    Ana Julia Souza

    novembro 10, 2024 AT 12:04

    Se o mundo tá mudando, a gente tem que mudar junto 💪🌍✨

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    Cibele Soares

    novembro 10, 2024 AT 19:55

    É triste ver como a diplomacia se transformou em um jogo de vaidades. O povo da Venezuela sofre, e ninguém parece se importar com isso - só com o que o outro pensa.

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