Na noite de 14 de novembro de 2025, o Amazonas FC viu seu sonho de permanecer na Série B desmoronar nos últimos segundos. Empatando por 2 a 2 com o Paysandu Sport Club no Estádio Curuzu, em Belém, o clube de Manaus foi matematicamente rebaixado para a Série C com uma rodada de antecedência — tudo por causa de um gol inesperado, livre de marcação, aos 48 minutos do segundo tempo. O gol de Bryan Borges, lateral do Paysandu, não só selou o destino do Amazonas como também encerrou qualquer esperança de recuperação. E foi cruel: depois de empatar, virar e acreditar, o time sofreu o gol que o mandou de volta à terceira divisão. O que aconteceu? O que levou a isso? E o que resta para o clube de 2019, que só começou a brilhar na Série B há dois anos?
Um fim que não veio de uma derrota, mas de um erro coletivo
O jogo foi um espetáculo de contradições. O Amazonas FC, que havia sofrido 53 gols na temporada — a segunda pior defesa da Série B —, conseguiu montar uma reação digna. Após o gol de abertura de André Lima (25'), o time amazonense reagiu como se tivesse algo a provar. Diego Tavares empatou aos 31 minutos, aproveitando um desvio da defesa. Um minuto depois, Joaquín Torres virou com um chute de primeira após roubo de bola de Luan Silva. Por um instante, a Arena da Amazônia parecia viva em todos os corações dos torcedores. Mas o futebol, às vezes, é injusto. Nos acréscimos, uma bola mal defendida, um desatenção coletiva na marcação e o lateral Bryan Borges entrou livre na área. Nada de finta, nada de arriscado. Apenas um toque firme. O placar 2 a 2. O rebaixamento, confirmado.Uma temporada que nunca decolou
O Amazonas FC chegou à 37ª rodada com apenas 36 pontos — 8 vitórias, 12 empates e 17 derrotas. Em casa, na Arena da Amazônia, foi razoável: 7 vitórias, 7 empates, 4 derrotas. Mas fora? Desastre. Apenas 1 vitória (contra o Avaí), 5 empates e 13 derrotas. O segundo pior aproveitamento como visitante da competição. E a defesa? Desmoronou. 53 gols sofridos. Apenas o Volta Redonda foi pior. O time nunca conseguiu sequência: não venceu duas partidas seguidas em nenhum momento da temporada. Isso não é azar. É estrutura.Trocas de técnico e falta de identidade
A instabilidade técnica foi um veneno lento. O clube começou a temporada sob o comando de Aderbal Lana, técnico que havia levado o time ao Amazonense e à Copa Verde. Mas no segundo turno, com o time já em crise, a diretoria apostou em Eduardo Barros, ex-auxiliar de Fernando Diniz, em sua primeira experiência como técnico principal. O resultado? Nada mudou. O futebol continuou caótico, sem organização defensiva, sem pressão alta, sem identidade. Os jogadores pareciam confusos. Aos 32 minutos, quando o Amazonas estava 2 a 1, o time parecia ter encontrado um caminho. Mas o gol sofrido aos 48 minutos revelou o que já se sabia: o time não tem cabeça para sofrer pressão. Não tem capacidade de manter a liderança. Não tem coragem de fechar um jogo.Última rodada: um adeus com dignidade?
A última rodada da Série B está marcada para 23 de novembro de 2025, às 16h30, na Arena da Amazônia. O Amazonas FC receberá o Coritiba Foot Ball Club, que ainda luta por uma vaga no G-4. O Paysandu, já rebaixado, enfrentará o Athletic Club em São João Del Rei. Para o Amazonas, não há mais nada a conquistar na tabela. Mas há muito a reconstruir. A torcida, que lotou a Arena em 2023 e 2024, agora se pergunta: onde está o planejamento? Por que o clube, que chegou a ter 52 pontos em 2024, caiu tanto em um ano? A resposta não está no técnico da vez, nem no atacante que errou. Está na diretoria, no modelo de gestão, na ausência de um projeto de longo prazo.Do sonho à realidade: o que foi a Série B 2025 para o Amazonas?
O Amazonas FC foi fundado em 2019. Em 2023, estreou na Série B e terminou em 13º. Em 2024, subiu para 11º, com 52 pontos — um feito histórico. A temporada de 2025, então, era para ser a consolidação. Em vez disso, virou um reflexo de tudo o que pode dar errado em um clube sem visão. Sem investimento em base. Sem estrutura de análise de desempenho. Sem preparação psicológica para jogos decisivos. O rebaixamento não foi apenas um resultado. Foi um alerta. Para o Amazonas, para o futebol da região Norte, para todos os clubes que acreditam que passar de Série C para Série B é o fim da jornada. Não é. É só o começo.Frequently Asked Questions
Como o Amazonas FC chegou a 36 pontos e ainda foi rebaixado?
O Amazonas FC terminou com 36 pontos em 37 jogos, mas 11 times ficaram à frente dele, com pontuações entre 37 e 54. Na Série B, o rebaixamento não depende só da pontuação absoluta, mas da posição na tabela. O 18º colocado é rebaixado, e o Amazonas ficou nessa posição por ter sofrido mais gols e ter menos vitórias que os times logo acima dele, como o Avaí e o Brusque. Mesmo com 36 pontos, o time não conseguiu superar a concorrência por desempenho em jogos diretos e saldo de gols.
Quem foi o responsável pelo gol que rebaixou o Amazonas?
O gol decisivo foi marcado por Bryan Borges, lateral-direito do Paysandu, aos 48 minutos do segundo tempo. Ele aproveitou uma confusão na defesa amazonense após um cruzamento mal afastado. Sem marcação, o jogador concluiu com facilidade. O gol foi o 17º sofrido pelo Amazonas nos últimos 10 jogos — um sinal claro de que a defesa já estava em colapso antes daquele momento.
O que o Amazonas FC precisa fazer para voltar à Série B?
Precisa de um plano de 3 anos: investir na base, contratar um técnico com experiência em reestruturação, criar um departamento de análise de desempenho e melhorar a infraestrutura do centro de treinamento. O clube não pode mais depender de jogadores emprestados ou de contratações de última hora. O rebaixamento é um sinal de que o modelo atual não funciona. O Amazonas precisa se tornar um clube profissional, não apenas um time que vive de temporadas isoladas.
O rebaixamento afeta a economia local de Manaus?
Sim. O Amazonas FC movimenta cerca de R$ 12 milhões por temporada em bilheteria, patrocínios e vendas de produtos. Com o rebaixamento, esses valores podem cair até 60%. Lojas próximas à Arena da Amazônia, bares e serviços de transporte que dependem dos dias de jogo já começam a sentir o impacto. A perda de visibilidade também afeta a captação de novos patrocinadores locais, que agora podem priorizar outros projetos.
O Paysandu também foi rebaixado? Por que o jogo foi tão importante?
Sim, o Paysandu já estava rebaixado desde a 34ª rodada, com apenas 28 pontos. Mas o empate contra o Amazonas foi crucial porque garantiu ao clube paraense o 19º lugar na tabela — o que significa que ele terminou a temporada como lanterna, evitando o 20º lugar, que é o pior possível. Para o Amazonas, foi o gol que selou o fim. Para o Paysandu, foi apenas um ponto no fim de uma temporada desastrosa. O jogo foi um símbolo: um time que ainda acreditava contra outro que já havia desistido.
Há chances do Amazonas FC voltar à Série B em 2026?
Técnicamente, sim. Mas será difícil. Na Série C, o Amazonas enfrentará clubes como o Brusque, o Criciúma e o São Bernardo — todos com estrutura melhor e mais recursos. Para subir, o clube precisa terminar entre os quatro primeiros. Isso exige reforços de qualidade, estabilidade técnica e, acima de tudo, uma gestão que não troque de técnico a cada dois meses. Sem isso, o risco é cair ainda mais — para o futebol regional, onde o risco de desaparecer é real.